sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Ensino Eletrônico

e-learning e b-learning
O e-learning ou ensino eletrônico é baseado no modelo de ensino não presencial, ou seja, EAD - Ensino a Distância, considerando a utilização da internet onde os participantes, alunos e professor possam se comunicar on-line ou off-line, com conteúdo disponível através desta infraestrutura de rede. Dentre algumas vantagens deste modelo de ensino suportado pela tecnologia e não presencial está o aumento da difusão e a democratização do ensino, chegando aos mais remotos pontos deste planeta, estando disponível a qualquer momento. Como crítica tem-se a falta de contato humano direto, problemas técnicos, e outros.
O b-learning é uma mistura de ensino eletrônico com o ensino presencial. O b, da palavra b-learning, blended, significa mistura. Se por um lado supre a falta do contato humano direto por outro exige o sincronismo das atividades para que possam aproveitar as aulas presenciais.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Uso da Tecnologia na Educação

Tecnologia na Educação
Tecnologia na Educação são todas as ferramentas e técnicas utilizadas com o intuito de facilitar o processo de educação, desde os mais primitivos porém não menos importantes, como a fala, a escrita e recentemente o uso dos recursos da eletrônica, informática e internet.
Os recursos como giz e quadro-negro são ainda largamente utilizados, porém, não há como negar a abrangência conquistada com as evoluções tecnológicas como a mídia impressa, Rádio, Cinema, TV, Computador – principalmente o pessoal, Software, Internet, e recentemente, a integração das máquinas móveis multifunções trocando dados em alta velocidade, permitindo o uso simultâneo de voz, vídeo e dados.

Tecnologia na Educação direcionada à Internet
Uma das tecnologias aplicadas na educação é a informática que, com a evolução dos equipamentos, de softwares e das infraestruturas, passar a estar conectados em tempo real, tornando-se assim um grande aliado à educação por tornar irrelevante o tempo e o espaço.
Cito abaixo algumas destas ferramentas de Tecnologia na Educação direcionada à Internet:
RSS -  Really Simple Syndication é um subconjunto XML (Extensible Markup Language), que serve para agregar conteúdo que pode ser acessado por sites agregadores. Os inscritos nestes sites recebem as atualizações sem a necessidade de acessá-los.
ATOM - considerado uma evolução ou alternativa ao RSS, é uma forma simples de ler e escrever informações na web, permitindo que você mantenha comunicação com mais sites em menor tempo, e continuamente compartilhe seus textos e suas idéias publicando na internet.
Weblog ou Blog - pode ser traduzido como diário da web. A sua estrutura simples permite a publicação rápida de “posts” (artigos) e a inserção de comentários. Este ambiente de aprendizagem permite a manutenção por um número variável de pessoas.
WebQuest - demanda da web. É uma metodologia de pesquisa orientada da web onde quase todos os recursos provem da mesma. Normalmente um site ou um blog é utilizado para desenvolver uma WebQuest que deve conter como estrutura básica: Introdução, Tarefa, Processo, Recursos, Avaliação e Conclusão, acrescido de Sugestões e Orientações do Professor.
Wikis - tipo específico de coleção de documentos em hipertexto, ou o software utilizado para criá-lo, de forma colaborativa. A publicação é muito rápida.
MOODLE - "Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment", um software livre, de apoio à aprendizagem, executado num ambiente virtual. A expressão designa ainda o Learning Management System (Sistema de gestão da aprendizagem) em trabalho colaborativo baseado nesse programa, acessível através da Internet ou de rede local. Em linguagem coloquial, em língua inglesa o verbo "to moodle" descreve o processo de navegar despretensiosamente por algo, enquanto fazem-se outras coisas ao mesmo tempo. Utilizado principalmente num contexto de e-learning ou b-learning, o programa permite a criação de cursos "on-line", páginas de disciplinas, grupos de trabalho e comunidades de aprendizagem.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Tecnologia Educacional

A tecnologia educacional e a qualidade do ensino técnico

João Roberto Moreira Alves (*)
Eduardo Desiderati Alves (**)

 

 A implantação de mecanismos voltados para a promoção da melhoria de ensino em instituições de ensino inclui-se entre as respostas alternativas a problemas sempre arrolados quando se debate o tema, considerados em toda a sua dimensão. Mas para isso é necessário entendê-los e concebê-los sob uma perspectiva inovadora e sistêmica e esta perspectiva pode ser entendida como característica da Tecnologia Educacional.
Não é, entretanto, algo absolutamente pacífico e de concepções uniformes. Por isso, uma análise das várias concepções se faz importante e por que não dizer, absolutamente necessária. As principais concepções em relação à Tecnologia Educacional podem ser agrupadas em diferentes tendências.
1- Tecnologia Educacional: o conceito centrado no “meio”
A primeira concepção a se desenvolver e que certamente ainda é a mais difundida do ponto de vista prático, é a que a “Comissão sobre Tecnologia Educacional”, do “Committee on Education and Labor” (USA), define como “o meio nascido da revolução da comunicação que se pode ser usado para fins instrucionais junto ao professor, o livro-texto, o quadro-negro”.
Como se pode facilmente identificar, este conceito deriva de trabalhos realizados por especialistas em recursos audiovisuais e comunicação de massa aplicada à educação. Assim, dentro desta perspectiva, a Tecnologia Educacional pode ser encarada como: aplicação sistemática em educação de princípios científicos oriundos da teoria da comunicação, psicologia experimental da percepção, cibernética, etc; o conjunto de materiais e equipamentos mecânicos ou eletromecânicos empregados para fins de ensino (projetores, gravadores, transparências, laboratórios de línguas, etc.); ensino em massa (uso de meios de comunicação de massa em educação); um sistema homem-máquina.
Nesta perspectiva, podem ser situados no âmbito da Tecnologia Educacional os meios de comunicação de massa a serviço da educação, os materiais e equipamentos chamados audiovisuais e os sistemas de multimeios.
Representativa desta tendência é a frequência com que muitos “Centros de Recursos Audiovisuais” trocaram seus nomes para “Centros de Tecnologia Educacional”, continuando, no entanto, a desenvolver a mesma sistemática de trabalho sem que a mudança de nome realmente represente uma abordagem diferente. Para esta perspectiva, é a mediação tecnológica que configura basicamente a Tecnologia Educacional. Por isso está centrada no meio.
Durante toda a década de 60, a Tecnologia Educacional teve, pois o seu conceito limitado e constantemente associado aos meios que constituem hoje as tecnologias educacionais, numa maneira mais avançada e mais coerente de se aplicar o potencial que os meios tecnológicos representam para a solução de problemas grandes e volumosos como o que estão aliados aos sistemas educacionais.
2 – Tecnologia Educacional: o conceito centrado no processo
Uma segunda tendência foi se afirmando progressivamente superando, pelo menos do ponto de vista teórico, a abordagem centrada no “meio”. Nesta perspectiva, Tecnologia Educacional é uma “forma sistemática de planejar, implementar e avaliar o processo total de aprendizagem e de instrução em termos de objetivos específicos, baseados nas pesquisas sobre aprendizagem humana e comunicação, congregando recursos humanos e materiais, de maneira a tornar a instrução mais efetiva”.
Nesta linha se situam igualmente as definições propostas que afirmam por Tecnologia Educacional o conjunto dos esforços intelectuais e operacionais realizados para reagrupar, ordenar e sistematizar a aplicação de métodos científicos à organização de conjuntos de equipamentos e materiais novos, de modo a otimizar os processos de aprendizagem.
Os autores que integram esta segunda tendência desenfatizam o “meio”, focalizam principalmente o processo e assinalam como características básicas da Tecnologia Educacional a aplicação de conhecimentos científicos à educação, a abordagem sistêmica, a aprendizagem e a instrução como processos, a busca da eficiência do processo de ensino-aprendizagem e a conjugação de recursos humanos e materiais.
Fala-se da “utilização racional” da tecnologia educativa, da introdução inteligente a nossos sistemas educativos, e não da solução dos problemas educativos reais. A introdução ou a utilização da tecnologia educativa se converte de novo em um “fim” e não em um “meio”.
3- Tecnologia Educacional: uma estratégia de inovação
Uma nova concepção da Tecnologia Educacional se centra no tema da inovação em educação. A palavra inovação, como tantas outras, é ambígua, ao mesmo tempo atraente e equívoca. Frequentemente, o termo inovação se relaciona com as idéias de mudança e novidade. Em nosso mundo, caracterizado como época de aceleração do processo de mudança, estas palavras -inovação, novidade, mudança – estão carregadas de valores sedutores para o homem. Uma primeira distinção é preciso fazer: toda inovação supõe uns processos deliberados, intencionais e planificados e não algo que ocorre espontaneamente.
Supõe-se que a inovação é uma operação que se realiza com o objetivo de que uma mudança seja incorporada, aceita e utilizada. No entanto, é necessário assinalar-se dois aspectos. Em primeiro lugar, aparentemente, as mudanças deliberadas deste tipo acontecem raramente, talvez porque as organizações preferiam a estabilidade e, muito poucas vezes, possuam mecanismos para facilitar a mudança, de dentro para fora. E segundo lugar, à medida que as autoridades docentes se interessem mais pela inovação, realizar-se-ão mais experimentos, que, provavelmente, em seu maior número, serão interrompidos.
De acordo com a definição, uma inovação deve durar, alcançar uma elevada taxa de utilização e adotar uma forma parecida a que se propunha quando projetada. O sistema educativo é propenso, muitas vezes, a mudar somente a sua aparência, sem alternar a sua essência.
Em relação ao conceito de Tecnologia Educacional como estratégia de inovação, é preciso analisar que nenhuma inovação é fim em si mesmo. O porque é o para que, devem nortear a estratégia. Caso contrário, também cairíamos na mesma distorção e transformaríamos o “processo” em “fim”.
4 – Tecnologia Educacional e processo de ensino-aprendizagem
Dentro desta perspectiva, de uma visão da totalidade da renovação educacional, é que se deve situar as questões relativas à melhoria do processo de ensino -aprendizagem.
Muitas são as variáveis que incidem sobre os resultados do processo de ensino-aprendizagem. Pode-se agrupá-los em duas categorias: variáveis de contexto e de processo.
O importante é desenvolver uma visão articulada do contexto e do processo.
Quanto à análise e desenvolvimento do processo permite:
- uma visão de totalidade, isto é, encarar o processo como um todo, como um conjunto de partes interagindo e contribuindo para que os fins almejados sejam atingidos;
- uma revisão quanto ao papel do professor na condução desse processo, suas funções e seu posicionamento na relação professor-aluno;
- uma visão do aluno como a razão de ser do próprio processo. Como consequência, a necessidade de que os objetos sejam fixados a partir de suas capacidades e aspirações, bem como das condições reais de trabalho que o professor encontra;
- clarificação dos fins e objetivos dos sistemas educacionais e instrucionais, focalizando sua importância como elementos direcionadores do processo de ensino-aprendizagem;
- um desenvolvimento da abordagem interdisciplinar para análise dos problemas educacionais e instrucionais;
- um desenvolvimento de sistemas instrucionais mais personalizados e individualizados;
- um conhecimento de cada componente do processo de ensino-aprendizagem e de suas inter-relações (objetivos técnicas e recursos de ensino e avaliação).
Por fim podemos afirmar que a Tecnologia Educacional poderá colaborar na busca de uma qualidade de ensino cada vez mais adequada às exigências do desenvolvimento científico e social do presente, na medida em que atuar sobre as variáveis que incidem no processo de ensino-aprendizagem, fazendo interagir as variáveis de contexto e de processo.
(*) Presidente do Instituto de Pesquisas Avançadas em Educação
(**) Diretor do Grupo BESF – Brasil Educação Sem Fronteiras

Texto extraído do endereço: http://ead.folhadirigida.com.br/?p=2476  - Folha Dirigida - Ensino a Distância

Conceito de Tecnologia - Oque é, Definição e Significado

O termo tecnologia, de origem grega, é formado por tekne (“arte, técnica ou ofício”) e por logos (“conjunto de saberes”). É utilizado para definir os conhecimentos que permitem fabricar objectos e modificar o meio ambiente, com vista a satisfazer as necessidades humanas.
De acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, a tecnologia é o conjunto dos instrumentos, métodos e técnicas que permitem o aproveitamento prático do conhecimento científico. Convém destacar que, embora erradamente, é usada a palavra tecnologia como sinónimo de tecnologias da informação, que são aquelas que permitem o tratamento e a difusão de informação por meios artificiais e que incluem tudo o que esteja relacionado com os computadores.
Apesar de ser difícil estabelecer um mesmo esquema para as diferentes aplicações da tecnologia, pode-se dizer que a fabricação de um novo aparelho/dispositivo começa com a identificação de um problema prático a resolver. De seguida, são fixados os requisitos que deve cumprir a solução (materiais, custos, etc.) e o seu princípio de funcionamento. Por fim, procede-se à concepção do dito aparelho, à construção de um protótipo e ao próprio fabrico. A tecnologia abarca portanto todo este processo, desde a ideia inicial à sua aplicação propriamente dita.
Por si só, a tecnologia nem é boa nem é má. Dos vários impactos positivos, mencionaremos o facto de aumentar a produtividade do trabalho humano e do nível de vida da população, bem como a diminuição dos esforços que implica. Já, no que diz respeito aos aspectos negativos, a tecnologia pode dar origem à desocupação (a partir do momento em que a mão-de-obra, fruto do trabalho do homem, é substituída por máquinas), a diferenças sociais (os trabalhadores são categorizados em função das suas competências tecnológicas) e à contaminação ambiental.
Texto extraído do endereço: http://conceito.de/tecnologia
Novas tecnologias e o re-encantamento do mundo


José Manuel Moran
 
Especialista em projetos inovadores na educação presencial e a distância
Publicado na revista
Tecnologia Educacional. Rio de Janeiro, vol. 23, n.126, setembro-outubro 1995, p. 24-26
jmmoran@usp.br




 O fascínio pelas tecnologias
Lemos, com freqüência, que as tecnologias de comunicação estão provocando profundas mudanças em todas as dimensões da nossa vida. Elas vêm colaborando, sem dúvida, para modificar o mundo. A máquina a vapor, a eletricidade, o telefone, o carro, o avião, a televisão, o computador, as redes eletrônicas contribuíram para a extraordinária expansão do capitalismo, para o fortalecimento do modelo urbano, para a diminuição das distâncias. Mas, na essência, não são as tecnologias que mudam a sociedade, mas a sua utilização dentro do modo de produção capitalista, que busca o lucro, a expansão, a internacionalização de tudo o que tem valor econômico.
Os mecanismos intrínsecos de expansão do capitalismo apressam a difusão das tecnologias, que podem gerar ou veicular todas as formas de lucro. Por isso há interesse em ampliar o alcance da sua difusão, para poder atingir o maior número possível das pessoas economicamente produtivas, isto é, das que podem consumir.
O capitalismo visa essencialmente o lucro. Tanto as tecnologias -o hardware- como os serviços que elas propiciam -os programas de utilização- crescem pela organização empresarial que está por trás e que as torna viáveis numa economia de escala. Isto é, quanto maior a sua expansão no mercado mundial, mais baratas se tornam e, com isso, mais acessíveis.
As tecnologias viabilizam novas formas produtivas. As redes de comunicação permitem o processo de distribuição "just in time", em tempo real, com baixos estoques. Permitem a produção compartilhada, o groupware, permitem o aparecimento do tele-trabalho -poder estar conectado remotamente à sede da empresa e a outros setores, situados em lugares diferentes. Mas tudo isso são formas de expressão da expansão capitalista na busca de novos mercados, de racionalizar custos, de ganhar mais.
A rede Internet foi concebida para uso militar. Com medo do perigo nuclear, os cientistas criaram uma estruturação de acesso não hierarquizada, para poder sobreviver no caso de uma hecatombe. Ao ser implantada a rede nas universidades, esse modelo não vertical se manteve e com isso propiciou-se a criação de inúmeras formas de comunicação não previstas inicialmente. Todos procuram seus semelhantes, seus interesses. Cada um busca a sua "turma".Ninguém impõe o que você deve acessar na rede. Nela você encontra desde o racismo mais agressivo ou a pornografia mais deslavada até discussões sérias sobre temas científicos inovadores.
A Internet continua sendo uma rede para uso militar. Também continua sendo utilizada para pesquisa no mundo inteiro.Mas agora existe também para todo tipo de negócios e formas de comunicação. A tecnologia basicamente é a mesma, mas hoje está mais acessível, com mais opções, mais mercados, mais pessoas.
É possível criar usos múltiplos e diferenciados para as tecnologias. Nisso está o seu encantamento, o seu poder de sedução. Os produtores pesquisam o que nos interessa e o criam, adaptam e distribuem para aproximá-lo de nós. A sociedade, aos poucos,parte do uso inicial, previsto, para outras utilizações inovadoras ou inesperadas. Podemos fazer coisas diferentes com as mesmas tecnologias. Com a Internet podemos comunicar -nos -enviar e receber mensagens- podemos buscar informações, podemos fazer propaganda, ganhar dinheiro, divertir-nos ou vagar curiosos, como voyeurs, pelo mundo virtual.
Há um novo re-encantamento pelas tecnologias porque participamos de uma interação muito mais intensa entre o real e o virtual.Me comunico realmente -estou conectado efetivamente com milhares de computadores- e ao mesmo tempo, minha comunicação é virtual: eu permaneço aqui, na minha casa ou escritório, navego sem mover-me, trago dados que já estão prontos, converso com pessoas que não conheço e que talvez nunca verei ou encontrarei de novo.
Há um novo re-encantamento, porque estamos numa fase de reorganização em todas as dimensões da sociedade, do econômico ao político; do educacional ao familiar. Percebemos que os valores estão mudando, que o referencial teórico com o qual avaliávamos tudo não consegue dar-nos explicações satisfatórias como antes. A economia é muito mais dinâmica. Há uma ruptura visível entre a riqueza produtiva e a riqueza financeira. Há mudanças na relação entre capital e trabalho. Na política diminui a importância do conceito de nação, e aumenta o de globalização, de mundialização, de inserção em políticas mais amplas. Os partidos políticos tornam-se pouco representativos dessa nova realidade. A sociedade procura através de movimentos sociais, ONGs, novas formas de participação e expressão. E ao mesmo tempo que nos sentimos mais cosmopolitas -porque recebemos influências do mundo inteiro em todos os níveis- procuramos encontrar a nossa identidade no regional, no local e no pessoal; procuramos o nosso espaço diferencial dentro da padronização mundial tanto no nível de país como no individual.

Mudanças que as tecnologias de comunicação favorecem
Cada tecnologia modifica algumas dimensões da nossa inter-relação com o mundo, da percepção da realidade, da interação com o tempo e o espaço. Antigamente o telefone interurbano -por ser caro e demorado- era usado para casos extremos. A nossa expectativa em relação ao interurbano se limitava a casos de urgência, economizando telegraficamente o tempo de conexão.Com o barateamento das chamadas, falar para outro estado ou país vai tornando-se mais habitual, e ao acrescentar o fax ao telefone, podemos enviar e receber também textos e desenhos de forma instantânea e prazerosa.
O telefone celular vem dando-nos uma mobilidade inimaginável alguns anos atrás. Posso ser alcançado,se quiser, ou conectar-me com qualquer lugar sem depender de ter um cabo ou rede física por perto. A miniaturização das tecnologias de comunicação vem permitindo uma grande maleabilidade, mobilidade, personalização (vide walkman, celular, notebook...), que facilitam a individualização dos processos de comunicação, o estar sempre disponível (alcançável), em qualquer lugar e horário. Essas tecnologias portáteis expressam de forma patente a ênfase do capitalismo no individual mais do que no coletivo, a valorização da liberdade de escolha, de eu poder agir, seguindo a minha vontade. Elas vêem de encontro a forças poderosas, instintivas, primitivas dentro de nós, às quais somos extremamente sensíveis e que, por isso, conseguem fácil aceitação social.
A tecnologia de redes eletrônicas modifica profundamente o conceito de tempo e espaço. Posso morar em um lugar isolado e estar sempre ligado aos grandes centros de pesquisa, às grandes bibliotecas, aos colegas de profissão, a inúmeros serviços. Posso fazer boa parte do trabalho sem sair de casa. Posso levar o notebook para a praia e, enquanto descanso, pesquisar, comunicar-me, trabalhar com outras pessoas à distância. São possibilidades reais inimagináveis há pouquíssimos anos e que estabelecem novos elos, situações, serviços, que, dependerão da aceitação de cada um, para efetivamente funcionar.
Para atualizar-me profissionalmente posso acessar cursos à distância via computador, receber materiais escritos e audiovisuais pelo WWW (tela gráfica da Internet, que pode captar e transmitir imagens, sons e textos). Estamos começando a utilizar a videoconferência na rede, que possibilita a várias pessoas, em lugares bem diferentes, ver-se, comunicar-se, trabalhar juntas, trocar informações, aprender e ensinar. Muitas atividades que nos tomavam tempo e implicavam em deslocamentos, filas e outros aborrecimentos, vamos poder resolvê-las através de redes, esteja onde estiver. Até poucos anos íamos várias vezes por semana ao banco, para depositar, sacar, pagar contas...
Hoje em alguns terminais eletrônicos podemos realizar as mesas tarefas. Estamos começando a fazer as mesmas tarefas sem sair de casa. Também estamos começando a poder fazer o supermercado sem sair de casa, a comprar qualquer objeto via tele-marketing. Isto significa que o que antes justificava muitas das nossas saídas, hoje não é mais necessário.
A partir de agora, só sairemos quando achar-mos conveniente, mas não para fazer coisas externas por obrigação. Sairemos porque queremos, não por imposição das circunstâncias.
Cada inovação tecnológica bem sucedida modifica os padrões de lidar com a realidade anterior, muda o patamar de exigências do uso. Com o aumento do número de câmeras, torna-se normal mostrar, no futebol, vôlei ou basquete, a mesma cena com vários pontos de vista, de vários ângulos diferentes. Quando isso não acontece, quando um gol não é mostrado muitas vezes e de diversos ângulos, sentimo-nos frustrados e cobramos providências. Antes do replay precisávamos ir ao campo para assistir um jogo.
Com a televisão ao vivo, sem videotape, dependíamos da câmera não ter perdido o lance e só podíamos assisti-lo uma vez. Depois o replay foi uma grande inovação, mas era difícil de operar e ficávamos felizes quando havia uma repetição -a mesma- do mesmo lance. Hoje repetir, com muitas câmeras, que nos dão diversos pontos de vista é o normal e foi incorporado a narrativa.Nossas expectativas vão modificando-se com o aperfeiçoamento da tecnologia.
Uma mudança significativa -que vem acentuando-se nos últimos anos - é a necessidade de comunicar-nos através de sons, imagens e textos, integrando mensagens e tecnologias multimídia. O cinema começou como imagem preto e branco. Depois incorporou o som, a imagem colorida, a tela grande, o som estéreo. A televisão passou do preto e branco para o colorido, do mono para o estéreo, da tela curva para a plana, da imagem confusa para a alta definição.Estamos passando dos sistemas analógicos de produção e transmissão para os digitais. O computador está integrando todas as telas antes dispersas, tornando-se, simultaneamente, um instrumento de trabalho, de comunicação e de lazer. A mesma tela serve para ver um programa de televisão, fazer compras, enviar mensagens, participar de uma videoconferência.
A comunicação torna-se mais e mais sensorial, mais e mais multidimensional, mais e mais não linear. As técnicas de apresentação são mais fáceis hoje e mais atraentes do que anos atrás, o que aumentará o padrão de exigência para mostrar qualquer trabalho através de sistemas multimídia. O som não será um acessório, mas uma parte integral da narrativa. O texto na tela aumentará de importância, pela sua maleabilidade, facilidade de correção, de cópia, de deslocamento e de transmissão.
Com o aperfeiçoamento nos próximos anos da fala através do computador e como não necessitaremos de um teclado, dependeremos menos da escrita e mais da voz. Dependeremos menos do inglês para comunicar-nos porque disporemos de programas de tradução simultânea.
Com o aperfeiçoamento da realidade virtual, simularemos todas as situações possíveis, exacerbaremos a nossa relação com os sentidos, com a intuição. Vamos ter motivos de fascinação e de alienação. Podemos comunicar-nos mais ou alienar-nos muito mais facilmente que antes. Se queremos fugir, encontraremos muitas realidades virtuais para fugir, para viver sozinhos. Nossa mente é a melhor tecnologia, infinitamente superior em complexidade ao melhor computador, porque pensa, relaciona, sente, intui e pode surpreender. Por isso o grande re-encantamento temos que fazê-lo conosco, com a nossa mente e corpo, integrando nossos sentidos, emoções e razão. Valorizando o sensorial, o emocional e o lógico. Desenvolvendo atitudes positivas, modos de perceber, sentir e comunicar-nos mais livres, ricos, profundos. Essa atitude re-encantada de viver potencializará ainda mais nossa vida pessoal e comunitária, ao fazer um uso libertador dessas tecnologias maravilhosas e não um uso consumista, de fuga.
 Tecnologias na educação
As tecnologias de comunicação não mudam necessariamente a relação pedagógica. As Tecnologias tanto servem para reforçar uma visão conservadora, individualista como uma visão progressista. A pessoa autoritária utilizará o computador para reforçar ainda mais o seu controle sobre os outros. Por outro lado, uma mente aberta, interativa, participativa encontrará nas tecnologias ferramentas maravilhosas de ampliar a interação.
As tecnologias de comunicação não substituem o professor, mas modificam algumas das suas funções. A tarefa de passar informações pode ser deixada aos bancos de dados, livros, vídeos, programas em CD. O professor se transforma agora no estimulador da curiosidade do aluno por querer conhecer, por pesquisar, por buscar a informação mais relevante. Num segundo momento, coordena o processo de apresentação dos resultados pelos alunos. Depois, questiona alguns dos dados apresentados, contextualiza os resultados, os adapta à realidade dos alunos, questiona os dados apresentados. Transforma informação em conhecimento e conhecimento em saber, em vida, em sabedoria -o conhecimento com ética.
As tecnologias permitem um novo encantamento na escola, ao abrir suas paredes e possibilitar que alunos conversem e pesquisem com outros alunos da mesma cidade, país ou do exterior, no seu próprio ritmo. O mesmo acontece com os professores. Os trabalhos de pesquisa podem ser compartilhados por outros alunos e divulgados instantaneamente na rede para quem quiser.Alunos e professores encontram inúmeras bibliotecas eletrônicas, revistas on line, com muitos textos, imagens e sons, que facilitam a tarefa de preparar as aulas, fazer trabalhos de pesquisa e ter materiais atraentes para apresentação. O professor pode estar mais próximo do aluno. Pode receber mensagens com dúvidas, pode passar informações complementares para determinados alunos. Pode adaptar a sua aula para o ritmo de cada aluno.Pode procurar ajuda em outros colegas sobre problemas que surgem, novos programas para a sua área de conhecimento. O processo de ensino-aprendizagem pode ganhar assim um dinamismo, inovação e poder de comunicação inusitados.
O re-encantamento, em fim, não reside principalmente nas tecnologias -cada vez mais sedutoras- mas em nós mesmos, na capacidade em tornar-nos pessoas plenas, num mundo em grandes mudanças e que nos solicita a um consumismo devorador e pernicioso. É maravilhoso crescer, evoluir, comunicar-se plenamente com tantas tecnologias de apoio. É frustrante, por outro lado, constatar que muitos só utilizam essas tecnologias nas suas dimensões mais superficiais, alienantes ou autoritárias. O re-encantamento, em grande parte, vai depender de nós.

Bibliografia:
- GARDNER, Howard. As estruturas da mente. Porto Alegre: Editora Artes Médicas, 1994.
- MORAN, José Manuel. Interferências dos Meios de Comunicação no nosso Conhecimento. INTERCOM Revista Brasileira de Comunicação. São Paulo, XVII (2):38-49, julho-dezembro 1994.
- NEGROPONTE, Nicholas. A vida digital. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
- POSTMAN, Neil. Tecnopólio; A rendição da cultura à tecnologia. São Paulo: Nobel, 1994.
-RECODER, Maria-José et alii. Informação Eletrônica e Novas Tecnologias. São Paulo: Summus, 1995.
Texto extraído do endereço: http://www.eca.usp.br/prof/moran/novtec.htm